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junho 22, 2015

Vou

Seguro vou em tuas mãos. Eu sei que tudo isso passará. Em tua graça eu vou – tens esperança em mim. Quem me sustenta é a tua palavra.Palavrantiga

Se outrora havia ao menos palavras que fluíam desta angústia de espírito, hoje é justamente o vazio, a sua razão. E desolo-me ao ver que tal sentimento fere também quem está ao redor. Deus me livre de machucá-los. É que eu tenho esta tendência absurda e também inevitável de afastar a todos quando eu penso não suportar a existência... A existência é bela, Deus, mas eu sou fraca. 
Pergunto-me como alguém que tão facilmente se fascina, que ama a beleza das estrelas, das flores e do mar, pode sofrer tamanho vazio. Mas são as minhas questões intermináveis, insegurança e pretensão insensata da perfeição que me fazem assim, por mais repetitivo que isso possa soar. Não sou mesmo muita coisa além destas. A ansiedade é tão tola! Perco-me em sonhos e medos enquanto deixo fugir todo o presente. Tudo é em vão. 
Há dias eu não chorava como hoje, e isto é bom. Há anos as lágrimas não deixavam de vir acompanhadas daquele instinto fatalista quase indomável, mas hoje vieram sozinhas (e isto é muito bom). Mesmo em meio à frustração e a dor de, outra vez, não corresponder, algo lá dentro brilha como esperança (e talvez eu deva atribuir isto a um crescimento, sutil, mas só talvez). 
E tu ainda te regozijas nesta tua obra. Se apostas nela, então acredito. O anseio pelo renovo é maior que pela morte, a não existência ou a desistência. 
Assim, eu vou.